quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mesmo sozinhos os irmãos Bollis não deixam a agricultura

Ainda na comunidade de São Valentim encontramos os irmãos Bollis, de uma família de oito irmãos, Jandir, 49 e Avelino, 51 são os únicos que ficaram na propriedade, moravam com a mãe, depois que ela faleceu são eles que continuaram a tocar a propriedade. A terra era da família e eles são os sucessores, lidam com leite, milho além de outras culturas como feijão e uva. Jandir e Avelino não pensam em deixar a propriedade para viver na cidade, pois gostam do que fazem. Os dois irmãos solteiros exemplificam bem a realidade que o documentário Celibato no Campo pretende mostrar. As mulheres não querem mais morar na roça. Assim, os homens que como Jandir e Avelino preferem continuar na agricultura vão tocando a vida e a propriedade, que no futuro ficará sem herdeiros.

Sem a mão de obra do filho seria difícil tocar a propriedade

Também em Seara na comunidade de São Valentim, encontramos a família Scussel. Seu Luiz Scussel teve nove filhos, o único que ainda vive na propriedade é Clair de 33 anos. A renda da propriedade vem da pecuária leiteira, são as oito vacas que garantem a renda da família. Clair disse que não é fácil ficar na agricultura, antigamente a comunidade tinha umas 80 famílias, hoje, se tiver 20 é muito. Na comunidade quase não existem mais jovens, a gente nota isso nos cultos aos domingos, onde a presença dos mais velhos predomina. Já faz uns 17 anos que não acontece um casamento na comunidade. Seu Luiz e a esposa vão completar bodas de ouro. Seu Luiz é taxativo, se seu filho for embora da agricultura, ele vai ser obrigado a vender a propriedade e ir morar na cidade, o que seria a última coisa que gostaria de fazer, mas sem a mão de obra do filho ele não conseguiria tocar a propriedade.

Em Seara visitamos a família Lorenzetti

O trabalho de pesquisa continuou na região de Seara e contou com o apoio do Sintraf - Sindicato dos Agricultores Familiares de Seara. Visitamos a propriedade do Sr. Ângelo Lorenzetti que reside na linha Santa Lucia. Na propriedade vivem somente o casal, seu Ângelo de 74 anos e dona Tereza de 75 anos. Seu Ângelo disse que herdou a propriedade dos pais, e que quando jovem queria deixar a propriedade, mas como era o filho mais novo, sua mãe não deixou. Apesar da idade o casal ainda trabalha na agricultura, o sustento vem da produção de leite e do que plantam para o próprio consumo. Conforme dona Tereza, se tivessem que comprar tudo, não conseguiriam viver somente com a aposentadoria do casal. Quando chegou na região com seus pais, a terra era nova, diz seu Ângelo, hoje precisa de adubo se não fica difícil colher para o consumo.